Fenae condena transferências de recursos da Caixa para o Tesouro Nacional

Segundo o Jair Pedro Ferreira, a decisão demonstra a ingerência do governo sobre a Caixa

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A Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) considera uma ingerência política do governo federal no banco a devolução dos recursos tomados ao Tesouro Nacional por meio do Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD). Nesta quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciaram a devolução de R$ 3 bilhões agora e mais R$ 17 bilhões até o final do ano. Os recursos, tomados entre 2007 e 2013, não tinham prazo de vencimento e, desta forma, caberia ao tomador do empréstimo definir o momento para a devolução.

“Na prática, isso é uma ingerência política do governo, do Ministério da Fazenda, em cima da Caixa. É um recurso que a Caixa não precisava ter devolvido agora”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

As seis operações de IHCD contribuíram para a Caixa ampliar sua carteira de crédito durante a crise financeira, atuando para o desenvolvimento socioeconômico nacional e expandindo seu papel de principal agente das políticas públicas dirigidas à população de baixa renda.

O presidente da Fenae afirma que a decisão tomada pelo governo federal e acatada pela direção da Caixa se traduz no enfraquecimento do banco. “O Estado perde poder nas decisões estratégicas da política macroeconômica ao deixar para os bancos privados a decisão de onde colocar seus recursos. Nós somos contrários a esse tipo de enfraquecimento do papel da Caixa na sociedade brasileira. Esta empresa é do povo brasileiro e isso tem que ser respeitado”, afirmou.

O governo alega que usará os recursos para o pagamento da dívida pública, o que significa o aporte do capital nos bancos privados. A representante eleita pelos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, que votou contra a decisão, explicou em que implica a devolução do IHCD.

“Há uma transferência de recursos de quem tem menos para quem tem mais. Os bancos públicos, que têm o papel de ajudar o país a sair da crise financeira, terão seus recursos enxugados”, conclui a conselheira.

Veja aqui o posicionamento da Fenae.