Bancos fecham 2.057 postos de emprego. Caixa é uma das instituições com maior saldo negativo

Banco público foi responsável pelo fechamento de 489 vagas. Presidente da Fenae explica que os trabalhadores estão mobilizados contra o desmonte da empresa. Dados são da Pesquisa de Emprego Bancário e se referem ao primeiro semestre de 2019

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Entre janeiro e junho de 2019, os bancos fecharam 2.057 postos de emprego em todo o Brasil: foram 17.279 demitidos contra 15.222 admitidos. Desse total, a Caixa Econômica Federal foi responsável pelo fechamento de 489 vagas. Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), que faz o estudo em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Desde 2013, o saldo acumulado revela uma redução de 62,7 mil empregos na categoria bancária. A análise por Setor de Atividade Econômica mostra que os “bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foi responsável pelo fechamento de 1.658 postos no período, enquanto a Caixa fechou 489.

Nos últimos anos, a Caixa perdeu quase 17 mil postos de trabalho devido a programas de demissão e aposentadoria, e não repôs as vagas. Jair Pedro Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), contesta, mais uma vez, a redução no quadro de pessoal do banco. “Desde o final de 2014 a saída sumária de empregados tem causado sobrecarga de trabalho nas unidades de todo o país e prejudicado o atendimento à população”, avalia.

O presidente da Fenae explica que a Caixa serve aos brasileiros e tem um importantíssimo papel social. “Por isso, não cabe essa política de redução de custos implantada no atual governo”, reitera. Segundo ele, o que as entidades representativas defendem é a contratação de mais trabalhadores para melhorar as condições de trabalho na instituição e que os direitos sejam respeitados.

Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal foram os estados com maior incidência de saldos negativos, com registro, respectivamente, de 732, 722 e 274 postos de trabalho. No sentido oposto, São Paulo e Pará apresentaram os maiores saldos positivos, com a abertura de 553 e 166 vagas.

Faixa etária

No primeiro semestre deste ano, a abertura de vagas bancárias concentrou-se nas faixas entre 18 e 29 anos, com criação de 5.286 postos de trabalho. Acima de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo, com destaque para a de 50 a 64 anos, com fechamento de 3.213 postos. Na faixa de 30 a 39 anos foram fechados 2.432 e, entre 40 e 49 anos, o saldo foi de 1.804 postos fechados.

Diante dessa realidade, as entidades representativas cobram dos bancos a redução do turnover entre os trabalhadores bancários, com a criação dos centros de realocação e requalificação dos funcionários que são atingidos pelas reestruturações das instituições financeiras e alterações no perfil de trabalho da categoria.

Desigualdade entre homens e mulheres

As 7.023 mulheres admitidas nos bancos nos seis primeiros meses de 2019 receberam, em média, R$ 3.966,84. Esse valor corresponde a 75,1% da remuneração média dos 8.199 homens contratados no mesmo período.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres é observada também na demissão. As 8.438 mulheres desligadas dos bancos entre janeiro e junho de 2019 recebiam, em média, R$ 5.848,43, o que representou 72% da remuneração média dos 8.841 homens que foram desligados dos bancos no período.

Reflexos da reforma trabalhista

A PEB da Contraf/CUT – Dieese  revela ainda que, no primeiro semestre deste ano, as demissões sem justa causa representaram 53,9% do total de desligamentos no setor. As saídas a pedido do trabalhador representaram 34,6%. Entre janeiro e junho ocorreram também 103 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade de demissão foi criada com a aprovação da Lei 13.467/2017, a chamada reforma trabalhista, em vigência desde novembro de 2017. Os empregados que saíram dos bancos por essa modalidade apresentaram remuneração média de R$ 11.175,81.